"CRESPA", UM ÁLBUM BRASILEIRAMENTE VIBRANTE

Natalhinha Marinho apresenta o disco "Crespa" que reúne músicas próprias e parcerias com os alagoanos Almir Nunes, Emersom Padilha e Lucas Veloso, Larissa Lima (SP) e Rubi (BA).
A brasilidade de seu novo álbum não está apenas no título “Crespa”, do iê iê iê ao forró, passando pelo brega, seu novo trabalho explora a miscigenação, própria da Música Popular Brasileira. 

O álbum foi gravado por Natalhinha Marinho, Janeo Amorim e Wesley Vasconcelos, com participações de Emersom Padilha (backs), Bruno Tenório (violino).


Mixagem e masterização: Mano Estúdio
Texto de apresentação: Morena Melo Dias
Arte: Lenny Lima
Apoio: Greco Tattoo

ACESSE E BAIXE

FAIXAS:
01-CRESPA - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO
02-TALVEZ - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO
03-MAU ACHISMO - MÚSICA DE RUBI
04-LÁ MAIOR - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO
05-FIQUE ESPERTA - MÚSICA DE EMERSOM PADILHA, ALMIR NUNES E LUCAS VELOSO
06-DE LONGE É TUDO NORMAL - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO
07-FORMULÁRIO - MÚSICA DE EMERSOM PADILHA (PART. EMERSOM PADILHA)
08-O OUTRO - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO (PART. BRUNO TENÓRIO)
09-A DANÇA É UMA BELEZA - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO (INSERÇÃO DE TRECHO DA MÚSICA "VEM MORENA" DE LUIZ GONZAGA)
10-DESCOMPASSO - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO
11-ESPELHO - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO E LETRA DE LARISSA LIMA
12-A CARNE É FRACA - MÚSICA DE NATALHINHA MARINHO

De vez em quando é poesia

Um aperto desconcertado em mim
E uma vontade de permanecer imóvel

A vida é feito um quebra cabeça
As peças são infinitamente encaixadas em cada parte de nós

De vez em quando...

Uma angústia, um aperto...
Um caos por dentro ...

O corpo estremece

A cabeça feito pipa no ar

No peito uma enorme vontade de dizer

Talvez eu tenha sido mal comigo
Talvez eu tivesse medo de admitir

Minha cabeça é fogo sem tempo
Uma viciosa ciranda musical
Eu a vejo em cada música que agrada meus ouvidos

Gosto de sentir a poesia que ela me causa.

"Eu nunca pensei que pudesse querer..." Sérgio Sampaio



O olhar sobre teu corpo era preciso
Era preciso prever por entre minhas partes
O que acontecia comigo

Eu nunca pensei que pudesse querer
Talvez eu não quisesse querer alguma mulher
Talvez eu não soubesse o que me acontecia naquele instante
Ou talvez eu soubesse e quem sabe não quisesse

Ou quisesse mas não pudesse

Teu corpo malemolente e branco deslizava sobre o chão
E, em doses alternadas, meu olhar embebedava-se quando passava nos teus

De olhos em direções desordenadas e sorriso envergonhado no ar
A mulher, ou melhor jovem, vinha a me distrair pela aparente inocência e timidez nas rosadas bochechas que enxiam no seu sorriso curto enlatado de cima abaixo

Meu corpo já não comportava os membros e órgãos como antes
A excitação era imediata
Meus lábios contorciam quando meu olhar encontrava o teu

Talvez eu quisesse querer alguma mulher
Talvez eu soubesse o que e acontecia naquele instante
E quem sabe quisesse

Quisesse mas não pudesse

Talvez azul seja a cor mais quente...



Uma janela azul de frente ao balcão, que estava debruçada, era o portal para o salão
De lá podia ver os casais dançando, cabelos que balançavam, pernas se roçavam
O som era arrastado e sincopado na sanfona da máquina que durante a noite engolia cédulas e pedidos musicais
De cabelos cacheados e amarelados a jovem avança para dentro do bar
Seu desejo da noite já havia abraçado e tudo parecia estar tranquilo
Quando na segunda música a ideia de surpreender com o uso provocativo muda o clima do recinto
A novela iniciava o capítulo que poderia ser o último ou o primeiro
Meu olhar a observar a cena e as personagens que eram colocadas sem que fosse preciso uma seleção na cena, estava atento e nada podia o fazê-lo piscar
O choque quando dirigia a janela azul fez com que lhe travasse a fala
Logo um soco no peito era dado e de modo quase que automático veio com a reação de repulsa
Ela queria... Queria beijar, beijar ele, o cara que ela não tinha flertado naquela noite
Ele, talvez quisesse provar o que não necessitasse de prova
Seu olhar surpreso e decepcionado ao vê-la do espelho
Não podia imaginar tal reação, sua cara estampava a máscara da tristeza
Logo não se podia ouvir o som, a dança com a moça no salão já não mais compassava
Em um passo galopado veio na direção da janela e avançou para certificar do que acontecia naquele lugar
Todos já faziam parte da cena, seus amigos, amigas, transeuntes e até mesmo o dono do bar
Que observava atentamente toda aquela cena, como um diretor, que reduz o som quando preciso, encerra o expediente e até mesmo leva seus atores para casa
O jogo da sedução iniciava naquele instante
Os cabelos cacheados eram enroscados a barba grande e preta do cara branco que parecia não ser daqui
Os estalos dos lábios e o respirar que atravessava os beijos podiam ser ouvidos por quem estava próximo
De longe seu flerte preparava-se para entrar no jogo
E o pedido de novos jogadores foram feitos
De azul feito a janela, o time do homem se estabelecia
De cabeleira crespa, olhar singelo e um corpo que bailava levemente no salão
A bela negra se lançava no palco e logo escolhia a que time fazer parte
O jogo estava iniciado, se de um lado os beijos eram enroscados por entre os cabelos, do outro as mãos alcançavam e mexiam por entre o couro cabeludo
As mãos brancas e riscadas do barbudo que a beijava percorria as vias sinuosas de seu corpo
O dedilhar das mãos negras também percorria o azul que vestia o outro time
O balançar da dança e o compasso sincopado fazia recomeçar o jogo
Quatro por quatro, dois por dois... os corpos se embalavam e cada vez mais enroscavam-se
Eram misturados aos beijos molhados... aos dedos que percorriam os corpos
O corpo de jurados não sabia a quem merecia o troféu
Se um defendia o passo de uma dança o outro defendia o molejo da outra dupla
O jogo se estendeu... o suor deslizava sobre os corpos... mais um gole, mais uma dose... cada dupla fazia seu pedido
O descanso era preciso ... o etílico derrubava-os no jogo... o empate foi colocado
A jovem se despediu dando um beijo, que não lembraria depois, no seu adversário antes partida... talvez o jogo tivesse encerrado...
Pela manhã acordara com o gosto de sono dos beijos do outro rapaz
A tarde ao som dos tambores da orquestra encontrara o elenco e de lá iniciaria um novo capítulo... Mas dessa vez eu não estava por lá...

De vez em quando é preciso fazer o que se tem vontade
Mesmo que não possamos (vi)ver novos capítulos com velhos atores
No próximo capítulo tudo pode mudar
No próximo capítulo tudo pode
No próximo capítulo
No próximo

Quem sabe eu assista novamente.

Sobre uma noite no balcão de frente a uma janela azul que mais parece uma televisão... talvez eu tivesse mesmo visto uma novela.

“Uma dose da sua voz em meus ouvidos... Quero outra”



Teu corpo cambaleava destilado pelas doses de álcool da noite
Um olhar quase que distante em mira ao que acontecia na festa
A voz marcante e a expressão da boneca artista era colocado no palco
Palco de linhas invisíveis que acolhia as várias possibilidades de expressão

O canto suave e ao mesmo tempo arrepiador me sufocou as entranhas
Seu timbre, sua estética tudo era misturado num liquidificador de segredos

O encantamento era dado compulsivamente a cada palavra que saía dos lábios dela
Da beleza que era torta e arrematadora

Uma metamorfose desenvolvia dentro de mim
Aos poucos me sentia presa em tudo que poderia sair da tua boca

Os lábios se abriam e movimentavam-se com a música
A excitação era medida pelo meu desejo de ouvi-la um pouco mais
De alguma forma aquela voz me batia de frente
E meu olhar não mais desviava-se na imensidão
O foco já era preciso
Meu olho cego conduzia a mira
E sua voz me levava para mais perto

De lá podia ver todo seu corpo e sentir tua voz no meu cangote
E até perceber quando ela cambaleava entre os tons
Já não podia mais desviar-me dali
A mira já estava feita

Destilei em doses o sangue que corria em minhas veias
E embebedei-me... Misturando a doses de cerveja e tragos compulsivos

E o clarão aos poucos ia tomando conta do teto que de nada por cima era coberto
Da mulher que chegou na claridade da madrugada
Quando o sol ainda não havia acordado
E o céu estava em mutação de cores
E cantou como os pássaros... como os pássaros que me invadem meu lar

A minha vontade era de admirar-te sem que pudesse me notar
Mas as palavras que de mim brotam sem medida não quis que isso ficasse guardado

O etílico que domina a cabeça nesse momento me fez vomitar em poucas palavras o que havia sentido naquele lugar... Lugar que quero voltar e logo
Nesse lugar que é criado quando ela cospe embebedada os versos da última canção.

O sol já está a nascer. Meus olhos lutam para vê-lo.
A gama de cores parece como lá... mas o som daqui é outro
Talvez eu quisesse ouvi-la um pouco mais
Ou talvez eu quisesse ouvi-la agora
Talvez quem saiba um dia eu possa novamente

E assim destilar todo meu corpo em doses de partituras a conta gotas, num compasso em que a divisão não seja tão precisa e as tonalidades sejam tão mutáveis como as cores que avisto do céu nesse instante.  

"Acabei de achar uma curva na sua linha reta" (Sex Beatles)



Seus cachorros ao redor da cama fazem de travesseiros seus peitos
Duas maçãs, dois cachorros, duas pessoas
Dois olhos... ou melhor um só

Duas armas...Duas mamas... Duas tetas...

O alvo em círculo é colocado no jogo
Pego o dardo e lanço pela fresta da janela

Nunca sabemos se vamos acertar...
Nem se vamos continuar no jogo...

Mas abrir a tela e poder admirar o alvo também é jogar
De vez em quando é preciso guardar... agora minha janela está mais interessante

A fotografia na tela é sua!!!

Me debrucei sobre o teclado que não derramava notas em meus ouvidos
Mas que ligado a sua janela artificial me dava uma bela imagem à vista

Ao redor um jardim com cerejeiras
Um olhar... uma caixa preta... um sentimento por segundo.

Pelo retrovisor a mira no alvo. É difícil acertar!

Olhos fechados


No lugar que às vezes eu não me caibo
No lugar que eu ouço, que eu coço, que eu durmo
No lugar que eu não sei se é meu
No lugar entre o que eu lembro e o que eu fiz
No lugar que descansa com doses etílicas 
No lugar que se chega com um velho trago
No lugar que eu talvez não me queira mais...

No lugar onde estou quando... talvez eu não queira mais
No lugar onde estou quando... talvez eu não queira
No lugar onde estou quando... talvez eu não
No lugar onde estou quando... talvez eu
No lugar onde estou quando... talvez
No lugar onde estou
No lugar 

Quem sabe seja errado está aqui. Quem sabe eu queira ficar. Quem sabe eu não saiba o que queira.

"Depois de fechar os olhos ninguém é ninguém"


Tenho medo


Acordei com gritos em meus ouvidos. Levantei e coloquei meus cachorros para fora. O ar estava frio e o rádio ainda tocava desde a noite passada. A TV ligada transmitia a mensagem do homem que se diz servo de Deus. Desliguei. Repousei novamente. A música é jazz, a voz é grave, e tudo que me toca são as aplicações sonoras que a voz humana pode encontrar com a base instrumental e como aquilo tudo me envolvia de um modo que eu não sabia explicar, mesmo não entendendo o que poderia me dizer aquele idioma. Eu sempre converso comigo, de vez em quando acordo porque acho que estou conversando com outra pessoa. Alguns gritos me sufocam e me acordam em muitas noites.
De vez em quando eu entro em lapso, tenho vontade de vomitar e minha cabeça dói, é difícil levantar, como se eu rolasse de um lado para o outro e nada pudesse melhorar meu corpo naquele instante, a não ser esperar passar. Falta-me o equilíbrio. Às vezes é preciso um cigarro, ou apenas um trago. Sacia a vontade, ou talvez engane a meu corpo viciado. O som ligado ameniza sempre. Logo me sinto tomada pela música e as vozes parecem sumir; um descuido ou apenas o intervalo de uma para outra, logo escuto novamente, logo me atento a ela, e, em muitas vezes, me sinto mal por dentro, por não me encontrar em mim, sempre achando que talvez eu não saiba viver de verdade e que talvez eu seja uma piada simpática e que as pessoas não podem me dizer o que é real.
Os cachorros brigam do outro lado da porta, seus latidos e arranhões incomodam. Dou dois gritos entoando seus nomes e aos poucos o som e os latidos vão sumindo. Levanto, vou lavar o rosto. Uma enorme vontade de olhar o que é a minha imagem me faz passar vários minutos de frente ao espelho, com os braços adormecidos na pia branca e gelada, aspirando aquele cheiro de banheiro, uma mistura de flor do campo com pinho. Eu saio com as mãos encobertas de formigas, que aos poucos vão dando lugar aos dedos que retornam ao seu movimento natural.
Aumento um pouco o volume do rádio. Ao lado dos meus cachorros, sento. Dou um trago, bebo um pouco de leite e volto a deitar. O sono não chega... Retorno ao espelho e observo os meus olhos, tem gente que diz que eu vivo falando com eles, sempre quis conversar com os meus, mas nunca consigo expressar o que eu digo para outras pessoas na frente do espelho. “Como meus olhos podem falar se apenas um consegue enxergar? Como eu posso falar com os meus olhos?”
O céu vai deixando a escuridão e uma cinza fumaça de frio chega, carregada de uma chuva que permanece por aproximadamente umas duas horas. O som dos pingos de água era misturado aos desejos que eu havia planejado quando chegasse aos vinte e sete anos. O estado de conformidade que meu corpo está enquanto espera a morte. E o que meu pensamento busca quando pensa no que seria o amanhã em que eu não poderia estar. Fico a perguntar “quem fumaria aquele cigarro se eu morresse ainda tragando? Quem colocaria a comida para os meus bichos? Quem tocaria meu violão para que ele não ficasse calado? Quem amaria minha família?”
Quando tento falar de morte com as pessoas, sempre o assunto fica curto e logo se tangencia para outro diálogo. E muitas perguntas se repetem diariamente. “Se eu morresse?! Como será que as coisas ficariam, se eu morresse?”
De vez em quando eu fico me perguntando se hoje vai ser o último dia da minha vida. Se estou vivendo intensamente o meu último dia. “Será que vou morrer hoje? Porque morreria? O que eu fiz até agora para merecer viver tanto?” Desde criança que eu penso nas possibilidades de morrer. Suicídio, acidente, doença... Nunca se sabe o que pode acontecer. Na minha adolescência, quando discutia com minha mãe, pensava sempre em pular de algum lugar e morrer.
Certa vez fugi de casa por ter aprontado – acredite, pela primeira vez – na escola, e estava levando um comunicado para minha mãe ir até lá. Acho que foi a primeira vez que pensei em morrer, talvez eu tenha morrido por uns instantes ao procurar meu pai, o que foi em vão. No final das contas, minha mãe me achou e conversamos, dias depois ela me falou que meu pai pediu para que eu não o procurasse. Essa foi a segunda vez que eu morri. Eu acho que na vida nós morremos e ressuscitamos várias vezes.
Quando eu nasci fui abençoada por quatro avós de criação que cuidavam da minha mãe. A morte de cada uma delas me fez perder um pouco da minha vida, e dessa morte eu não ressuscitarei. Um pedaço da gente sempre morre quando alguém que amamos nos deixa. Eu também já perdi outras partes, mas não sei dizer. Apaixonei-me tantas vezes e nessas paixões morri outras tantas, morria de felicidade, tristeza... Morria de vontade que tudo fosse para sempre, mas nunca era. Aprendi.
Há alguns meses eu tenho me sentindo com a morte, do meu lado ela caminhou, até me fez vê-la novamente, e meus amigos longe dela ficaram. Os poucos que confiava, nem me procuraram, acho que eles têm medo da morte. Por isso, me sinto com ela quando eles estão longe de mim.
A morte sempre vem quando me sinto só, quando os amigos não são amigos, ou talvez não sejam por um tempo. Tenho medo de chegar sozinha na morte, mas sei que sempre vamos sozinhos, nascemos sozinhos e assim morremos. E essa talvez seja a única independência que temos, a tão sonhada liberdade de ser.
Ninguém me conhece de verdade, eu acho que nem eu sei quem sou realmente. Ou talvez todos sejam assim como eu, ora consciente ora ignorante. Não sei se o que sabem de mim é suficiente, mas também não sei se as pessoas precisam saber mais do que elas sabem. Eu sei que tenho medo de não fazer o certo, e mais medo de não saber o que é o certo.
Tem dias que saio de casa e vejo o olhar dos meus cachorros a pedir que eu não vá. Às vezes eu acho que não tenho que ir, mas vou. Deixo-os presos em minha casa, tomando conta. Acho que eles tomam conta de mim, por isso sempre volto.
Eu vivo pensando em morrer e tenho medo. Medo de não saber o que há além. Eu não sei o que me vai acontecer. Não sei! Tem horas que quero mandar todos se ferrarem, inclusive eu. Já pensei em tantas coisas para me matar que não saberia contar. Mas nunca o fiz, por medo. 
Talvez o seja o medo que me mantém viva. Tenho medo de muitas coisas, medo de baratas, medo de não ter a quem amar, medo de não poder ouvir e mais ainda de não ser ouvida, medo de não poder embriagar-me, medo de pessoas, medo de mim, medo de ter medo... MEDO... MEDO... MEDO!
Meu corpo se desconforta e um grito compassado é dado pelo meu medo. O medo de não saber o que é AMANHÃ. O que iria me acontecer após isso tudo, se eu morresse agora? Ou talvez amanhã? Como seria o amanhã depois de amanhã? O maior medo é não saber quando vai ser o último hoje. Tenho medo.

"A vida é feita de pedaços do céu" Ave Sangria

Foto: Davi Soares


De um lado um trago
Do outro a conversa
Lado a lado na segunda noturna

Duas peles
Duas cores
Dois tamanhos

Quando a semana pode começar bem e na verdade começa melhor.

É sempre bom receber visitas!!! ;o)

"Vamos dançar, luzir a madrugada. Inspiração pra tudo que eu viver" Lulu Santos


Eu não sei o que pode ser
Nem onde quero está

É uma confusão
Um desconserto
Concertado com tua voz doce

Quando meu olhar tem medo de não resistir ao teu
Quando meu corpo tem medo de não resistir ao teu
Quando meu beijo tem medo de não resistir ao teu

O que afasta é medo
Medo de não ser
Medo de fazer errado
Medo do que eu não sei

Em seu leito eu me deito
E lá eu quero repousar
E poder sentir tudo aquilo que guardei pensando em ti.

Deitei e te vi dormir...

Peguei em tua mão para me sentir melhor...

Conversei com você e me fez mais feliz...

Acertou o passo que eu descompassava no salão...

Quem sabe você me queira
Quem sabe eu aprenda o caminho
E de repente possa te levar em uma dança

Me dá sua mão?!

"Meu bem vamos dançar até o dia amanhecer
Meu bem vamos cantar e vamos ver o sol nascer
Já não importa onde estamos
Do seu lado é bem melhor"


Às vezes é preciso madrugar pra não sonhar com você


Em teus lábios penso em adormecer minha língua
Seu olhar refletido no espelho do carro é o sinal amarelo da tua atenção a mim

Um desconserto...uma confusão
Talvez eu não entenda o que dizes
Talvez eu não saiba como dizer/fazer

O calor dos corpos
A malemolência dos músculos
Um compasso quatro por quatro

A noite guardou o brilho
A manhã chegou sorrindo

Às vezes não sabemos o caminho
Nem onde queremos chegar

Talvez eu queira está com você
Talvez eu não entenda como está

O dia está amanhecendo
Um trago agora rasga minha garganta
Às vezes é preciso madrugar pra não sonhar com você.

(Quando o corpo pede insônia)

03h51 terça-feira, quinze de julho.

Cada dia é sempre um dia a menos



Cada trago que cuspo do meu peito
Cada beijo que não roubei
Cada passo que não soube acompanhar
Cada dose de vodca que deixei no copo

Cada dia que não soube viver...

Cada sentimento que não tive
Cada desejo pela metade
Cada porta que não abri

Cada vez que chamei alguém pra dançar
Cada sorriso que não soube olhar
Cada palavra que não soube ler

Cada som é uma nota que se foi
Cada impulso deveria ser seguido
Cada instinto é diferente com o clima

Cada dia é sempre um dia a menos
Cada dia é sempre um dia
Cada dia é sempre
Cada dia.

"Eu não sei em que esquina ela vai me beijar" Raul Seixas


O frio dominava meu corpo e as curvas da estrada me levava mais perto do céu
Eu sempre quero voltar lá...
Meu pensamento devagar organizava as imagens e eu me sentia no meu lar

A noite aos poucos foi acordando
As estrelas e a lua sorrindo me acompanhavam no caminho
A neblina desunia os cílios dos meus olhos vermelhos
A fumaça cobria os pulmões e o álcool aliviava a frieza

O campo verde e úmido
Meus dedos dormentes
As mãos paralisadas
Falta de ar

De vez em quando eu acho que sei como é o céu.

TRISTEREZA

O que comprime a minha dor é tarja preta
Relaxo...  em meu rosto lágrimas

O ventilador acompanha a música na tv
Tereza aqui está
O labirinto nas conversas que temos me prende em tuas pernas

Sinto uma força enorme de teu peso em minhas coxas
Ela me abraça me sufoca com seu hálito de álcool
Trago mais um cigarro
Engulo mais um pouco do que prescreve o receituário

Relaxo...

Talvez agora eu esteja escrevendo...

Ainda não consigo dormir

... ... ... ... ... ... ... ...

De vez em quando nós encontramos colecionadores de palavras ;o)


"Em teu seio, ó liberdade"



A brisa que entra pela janela do quarto refresca a madrugada
Teu corpo por cima do meu, embebedado de suor, desliza 
Logo por baixo sinto os murros cadenciados em meus lábios
E um suspiro agudo canta em minha boca

O dia está quase raiando, o céu é rosado feito seu rosto
Os pássaros gorjeiam nos fios e seus suspiros completam a canção
De leve, bem de leve o sono vai nos conduzindo

Em teu peito descanso a minha cabeça
E, talvez, seja por lá que eu queira dormir.

Maybe it's because I'm crazy...


Enquanto só...
Num instante... Num suspiro
Eu respiro... Eu inspiro
Embriago...
Guardo em meu peito o fumaça do último trago...

Passa da meia noite... a solidão não mais me apavora...
De vez em quando a escolha é certa...

Talvez eu não queira ninguém... ou mesmo alguém não me queira

Mas a escolha é o que importa.



O som é imortal


Um grito rebelde em língua estrangeira cantava grunge o que parecia ser eu
No chão da minha terra, o rock rural melancólico e tocante na boca do violão do Sampaio vibrava em harmonias, as doçuras de palavras que se encontravam pelas cordas de aço

O ano era 1994, minha mãe estava a esperar minha irmã...
Eu, nem os conhecia, tinha 6 anos...
Hoje tenho 26 e não consigo viver sem o som deles em mim

Minh'alma grita em poucos acordes o canto da solidão
Ouço um novo blues e penso quantas vezes tentei fazer uma canção de amor
E logo me vem a cabeça  "rape me my friend...waste me, rape me, my friend"
A música é silêncio... o ruído no ouvido um tiro no ar
Os labirintos negros cortam meu peito "i feel stupid and cotagious"

Às vezes é preciso... DESPERDÍCIO... DESAPEGO...
É preciso ... IR SOZINHO... RIR SOZINHO

Meu corpo sente em graves acordes uma poesia que canta somente em meus ouvidos...

"And just maybe I'm blame
For all l've heard but I'm not sure"

Quando me fizer os 27 cantarei em acordes dissonantes o grunge melancólico e tudo aquilo que me completa hoje...

Depois de 20 anos Cobain e Sampaio vibram em altos falantes cânticos de tudo que sinto agora...

A carne pode até evaporar-se, mas o som sempre vai permanecer nos ouvidos de quem quiser ouvir

...

Meu corpo vibra em acordes que cantam o que sinto

Dedilho meu violão e me encontro num outro universo

Em que minha voz grita tudo que quer dizer

Um lugar que só eu posso ir


Dentro de mim passam ruídos que me balançam

Nessa hora sinto a música movimentar tudo que não consigo explicar

Um arrepio da ponta dos pés a cabeça

E uma extrema excitação muscular faz produzir e compor o SOM


Talvez sejam as cordas do violão que me une a eles

As cordas de aço e a poesia marginal

Talvez eu seja um compositor popular

Ou talvez nem saiba o que seja... mas sei que a música me faz ser um pouco dela e estar perto deles.








Talvez eu queira partir...




Do lado dela vejo os olhos de quem irá comê-la naquela noite
E nesse instante tenho vontade de ferir
...
Como ela fez com os meus olhos quando chegou de mãos dadas a mesa
...
Um gole de álcool, misturado ao cigarro deixa meu corpo sensível
Não sei se é loucura, ou razão
Mas bebi até o fim e fumei até me faltar o ar.
...
Na mesa ao lado corações são devorados em chupadas e mordidas sequenciadas
Deito no ombro do amigo e aconchego em seu peito a tristeza que me consumia ali
Não sabia o que fazer, mas chorei
Uma enxurrada de lágrimas passou por dentro do meu corpo tomando toda a felicidade que ainda podia existir
...

Embriaguei... dormi.
Acordei as 06h20 da manhã. Eu exalava o mal cheiro da ressaca.

Talvez eu queira partir... Talvez eu queira... Talvez eu... Talvez...