Luzes do telhado

"Do telhado da casa de um amigo, aproximadamente às 18h, luzes de um morro no bairro de Bebedouro"

Entre câmeras e eu


Flash, pose, imagem, eu, você, a câmera, o enigma, a verdade, a mentira, o poder, o dinheiro, o congelar, a arte, a vida, o quadro... enfim o artista!

DIA ANTES DOS DIAMANTES

Procurando, copiando idéias

entre as lágrimas de dia, de amante...

Diamantes que brilham em volta da sala

de fotografia, penso em Moska... vejo-me

através do reflexo das torneira que me trás

imagens fascinantes, penso um pouco...

olho em volta, e olha no que deu!
Obrigado Moska!

Para Mary Vaz uma Ambulante Metamorfose!


Sou metamorfose ambulante
Sou instantâneo, sou integral
Não sou de pó, nem sou de massa
Sou um ator que descompassa o tempo do silêncio...
E o sentido da vida é o que eu não quero sentir
E o segredo dos homens fica bem longe de mim
Sou professor, sou poeta às vezes sou bailarino
Sem palco, no ato, com roupa, sem figurino
Os sentimentos me tocam, me deixam à flor da pele
Digo um SIM, às vezes um NÃO, três letras que ferem...
Sou ator, sou personagem
Sou um SIM, sou um NÃO
Sou Mary Vaz, eu sou Das Dores
Eu sou a música, eu sou canção
Eu sou você, eu não sou eu
Sou instantâneo, sou integral
Metamorfose, sou ambulante...

Meu país das maravilhas...



"Juntos naquela tarde dourada

Deslizávamos em doce vagar,

Pois eram braços pequenos, inéptos,

Que iam os remos a manobrar.

Enquanto mãozinhas fingiam apenas

O percurso do barco determinar.

Ah, cruéis Três!

Naquele preguiçar,

Sob um tempo ameno, estival,

Implorar uma história, e de tão leve alento

Que sequer uma pluma pudesse soprar!

Mas que pode uma pobre voz

Contra três línguas a trabalhar?

Imperiosa,

Prima estabelece:

"Começar já"; enquanto

Secunda,

Mais brandamente, encarece:

"Que não tenha pé nem cabeça!"

E Tertia um ror de palpites oferece,

Mas só um a cada minuto

Depois, por súbito silêncio tomadas,

Vão e, fantasia perseguindo

A criança-sonho em sua jornada

Por uma terra nova e encantada,

A tagarelar com bichos pela estrada

- Ouvem crédulas, extasiadas

E sempre que a história esgotava

Os poços da fantasia,

E debilmente eu ousava insinuar,

Na busca de o encanto quebrar:

"O resto, para depois..."

"Mas já é depois!"

Ouvia as três vozes alegres a gritar.

Foi assim que, bem devagar,

O País das Maravilhas foi urdido,

Um episódio vindo a outro se ligar

- E agora a história está pronta,

Desvie o barco, comandante! Para casa!

O sol declina, já vai se retirar.

Alice! Recebe este conto de fadas

E guarda-o, com mão delicada,

Como a um sonho de primavera

Que a teia da memória se entretece,

Como a guirlanda de flores murchas que

A cabeça dos pelegrinos guarnece."

(Lewis Carrol)

... Coisa de BONECA...


- Dentro de mim ainda mora uma criança.
Infância
Tudo parecia fácil
Pessoas vinham me alegrar
Brincava sem medo
Guardava segredos.
Tudo que se possa ter
Bonecas, confeitos, bicicletas.
Pular não posso parar
Corda, elástico tudo que vem a mim.
Correr, vamos brincar?
Perguntas, curiosidades muitas vou ter
Infância, criança, brincar de escrever
Palavras sem sentido
Letras vou aprender.
Neném, bebê, filhinho
Apelidos vão aparecer
Nessa fase tão bela
A infância vou curtir
Já que na vida adulta coisas belas param de surgir:
A INOCÊNCIA.
Natalhinha Marinho

OLORUM

Negro, sou negro
Carrego em mim a vontade de ZUMBI.
Levar a união dos povos
na luta com os excluídos
Contra o preconceito, o racismo
Com a alma de Zumbi
vejo a vida se passar
Nas ruas, nos lares, nas praças, nas escolas
Tudo o que vem a falar.
Afro, negro, brasileiro
Orgulhos vão ter
Rasta, black é nossa cultura
Índio, branco, cor escura
Faz a nossa África em você
Música, luta, maculelê.
Capoeira, berimbau, ijexá
Para fazer o resgate que presente vai estar
Pois a força divina que cobre o mundo
OLURUM , DEUS, OXALÁ
Reveste a terra, a água, alma e o ar.
Negro, sou negro
Carrego em mim a vontade de ZUMBI.
Natalhinha Marinho
"...Beija-me com os beijos de tua boca
Porque melhor é o teu amor do que o vinho...
Suave é o aroma do teu perfume
Como perfume derramado é o teu nome...
Eis que é formosa, oh querida minha!
Eis que é formosa!...
Põe-me como um selo sobre o teu coração
Como um selo sobre o teu braço,
Porque o amor é forte como a morte
E duro como uma sepultura, o ciúme
suas brasas, são brasas de fogo, veêmentas labaredas
As muitas águas não poderiam apagar o amor
Nem os rios afogá-lo
Por mais que desses todos os bens de sua vida pelo amor
Seria de todo desprezado..."
Cânticos dos Cânticos de Salomão

Em branco

Às vezes é preciso estar sozinho

Estar limpo como um papel em branco


Para deixar alguém te pintar, talvez...


É preciso estar sozinho


Para ouvir o barulho silenciar o seu ouvido.


Talvez eu queira ser um papel em branco


Talvez eu precise estar só...


Talvez eu queira ser um papel em branco


Talvez eu precise estar só, sei lá...


Parar uns instantes o meu cérebro de funcionar


Parar o tempo: impossível


Um minuto se quer para contar


As estrelas paradas no céu


Presenciar o infinito escuro.

Natalhinha Marinho