Meu país das maravilhas...



"Juntos naquela tarde dourada

Deslizávamos em doce vagar,

Pois eram braços pequenos, inéptos,

Que iam os remos a manobrar.

Enquanto mãozinhas fingiam apenas

O percurso do barco determinar.

Ah, cruéis Três!

Naquele preguiçar,

Sob um tempo ameno, estival,

Implorar uma história, e de tão leve alento

Que sequer uma pluma pudesse soprar!

Mas que pode uma pobre voz

Contra três línguas a trabalhar?

Imperiosa,

Prima estabelece:

"Começar já"; enquanto

Secunda,

Mais brandamente, encarece:

"Que não tenha pé nem cabeça!"

E Tertia um ror de palpites oferece,

Mas só um a cada minuto

Depois, por súbito silêncio tomadas,

Vão e, fantasia perseguindo

A criança-sonho em sua jornada

Por uma terra nova e encantada,

A tagarelar com bichos pela estrada

- Ouvem crédulas, extasiadas

E sempre que a história esgotava

Os poços da fantasia,

E debilmente eu ousava insinuar,

Na busca de o encanto quebrar:

"O resto, para depois..."

"Mas já é depois!"

Ouvia as três vozes alegres a gritar.

Foi assim que, bem devagar,

O País das Maravilhas foi urdido,

Um episódio vindo a outro se ligar

- E agora a história está pronta,

Desvie o barco, comandante! Para casa!

O sol declina, já vai se retirar.

Alice! Recebe este conto de fadas

E guarda-o, com mão delicada,

Como a um sonho de primavera

Que a teia da memória se entretece,

Como a guirlanda de flores murchas que

A cabeça dos pelegrinos guarnece."

(Lewis Carrol)

... Coisa de BONECA...


- Dentro de mim ainda mora uma criança.
Infância
Tudo parecia fácil
Pessoas vinham me alegrar
Brincava sem medo
Guardava segredos.
Tudo que se possa ter
Bonecas, confeitos, bicicletas.
Pular não posso parar
Corda, elástico tudo que vem a mim.
Correr, vamos brincar?
Perguntas, curiosidades muitas vou ter
Infância, criança, brincar de escrever
Palavras sem sentido
Letras vou aprender.
Neném, bebê, filhinho
Apelidos vão aparecer
Nessa fase tão bela
A infância vou curtir
Já que na vida adulta coisas belas param de surgir:
A INOCÊNCIA.
Natalhinha Marinho

OLORUM

Negro, sou negro
Carrego em mim a vontade de ZUMBI.
Levar a união dos povos
na luta com os excluídos
Contra o preconceito, o racismo
Com a alma de Zumbi
vejo a vida se passar
Nas ruas, nos lares, nas praças, nas escolas
Tudo o que vem a falar.
Afro, negro, brasileiro
Orgulhos vão ter
Rasta, black é nossa cultura
Índio, branco, cor escura
Faz a nossa África em você
Música, luta, maculelê.
Capoeira, berimbau, ijexá
Para fazer o resgate que presente vai estar
Pois a força divina que cobre o mundo
OLURUM , DEUS, OXALÁ
Reveste a terra, a água, alma e o ar.
Negro, sou negro
Carrego em mim a vontade de ZUMBI.
Natalhinha Marinho